Actividade Paroxística

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


Manda-me uma carta em correio azul.


Depois assobia e assina,
só para mim

Sérgio G.

domingo, 7 de dezembro de 2014



"... le corps est comparable à une phrase qui vous inciterait à la désarticuler pour que se recomposent, à travers une série d'anagrammes sans fin, ses contenus véritables...".

Hans Bellmer, L'Anatomie de l'image, Ed. Allia, 2002.


sábado, 6 de dezembro de 2014





talvez a suave inclinação
do teu ombro
que se alonga e cai
de súbito
no precipício do teu braço
seja o único lugar
seguro
para um beijo de inverno
que não sabe esquiar.




sábado, 29 de novembro de 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Alix Cléo Roubaud (1952-1983)

a respiração ficou cada vez mais rápida
entre sorver o ar e devolver-to
deixou de haver espaço
para dois.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


"Desde o primeiro filme (de Ozu), O Gosto do Arroz com Chá Verde, que fiquei fascinada com o espaço de vida japonês e com aquelas portas de correr que se recusam a trespassar o espaço e deslizam suavemente sobre carris invisíveis. Porque, ao abrirmos uma porta, transformamos os locais de uma forma muito mesquinha. Agredimos a sua extensão total, cavando nela uma brecha indiscreta, de tão más que são as suas proporções. Pensando bem, não há nada mais feio que uma porta aberta. Provoca uma espécie de ruptura na divisão onde está situada, uma parasitagem provinciana que destrói a unidade do espaço. Na divisão contígua provoca uma depressão, uma fissura escancarada mas estúpida, perdida num laço de parede que talvez preferisse ter ficado inteiro. Em ambos os casos, perturba a extensão, sem outra partida que não a liberdade de circular, que pode, porém, ser assegurada por processos muito diferentes. A porta de correr, essa, evita os escolhos e enaltece o espaço. Sem lhe alterar o equilíbrio, permite que se metamorfoseie. Quando se abre, há dois lugares que comunicam sem se ofenderem. Quando de fecha, volta a conferir a cada um deles a sua integridade. A partilha e a reunião fazem-se sem intrusão. A vida é então um processo tranquilo."

A elegância do Ouriço, Muriel Barbery.



sábado, 25 de outubro de 2014


Guardo todas as palavras que não digo

por falta de jeito

a minha única forma

de falar

fica perto,

rente ao dizer.



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

De profundis amamus

Ontem às onze
fumaste
um cigarro
encontrei-te
sentado
ficámos para perder
todos os teus eléctricos
os meus
estavam perdidos
por natureza própria


(...)

Não faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso


Cesariny...

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

As Spectator I was interested in photography only for "sentimental" reasons; I wanted to explore it not as a question (a theme) but as a wound: I see, I feel, hence i notice, I observe and I think.

Roland Barthes, Camera Lucida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

"I grasp at each second, trying to suck it dry: nothing happens which I do not seize, which I do not fix forever in myself, nothing, neither the fugitive tenderness of those lovely eyes, nor the noises of the street, nor the false dawn of early morning: and even so the minute passes and I do not hold it back, I like to see it pass..."

nausea. JPS.

sábado, 11 de outubro de 2014

what is this f.e.e.l.i.n.g.c.a.l.l.e.d.l.o.v.e ?
why me? why you? why here? why now?

De um instante a outro
são mil lugares diferentes
percorro-os de olhos fechados
sem saber
quando e onde

v
o
u


c

a


i






r.



quinta-feira, 9 de outubro de 2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

sábado, 4 de outubro de 2014

Quand il est arrivé à l’hôpital il était comme vous Albert, blessé à la tête, mais il n’a pas eu votre chance. Il est mort après la trépanation, à la veille de l’armistice. Dans sa dernière lettre à sa fiancée inconnue, il écrivait « Tes seins sont les seuls obus que j’aime ».

Jules et Jim, François Truffaut, 1962.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014


só o teu beijo pode ser
os dias que faltam para o verão
o açaí entre as castanhas
num qualquer fim de tarde.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Esta noite
alguém entrou no meu quarto
e roubou sonhos

dizem que foi Freud

era o único que sabia
onde estavam.

terça-feira, 9 de setembro de 2014


queria só contar até três
para não pensar mais
nos três cafés que tomámos
nas três tardes que fechámos
nas três músicas que ouvimos
nos três livros que comprámos
nos três beijos que sonhámos

queria contar até três mas
um - dois
nós.


domingo, 7 de setembro de 2014



- Oh, you are looking at my freckles.
- Those aren't just freckles. If you look closely, you can see Cassiopeia.



domingo, 31 de agosto de 2014

domingo, 24 de agosto de 2014

sexta-feira, 22 de agosto de 2014


Ma vie est monotone. Je chasse les poules, les hommes me chassent. Toutes les poules se ressemblent, et tous les hommes se ressemblent. Je m'ennuie donc un peu. Mais, si tu m'apprivoises, ma vie sera comme ensoleillée. Je connaître un bruit de pas qui sera différent de tous les autres. Les autres pas me font rentrer sous terre. Le tien m'appellera hors du terrier, comme une musique. Et puis regarde! Tu vois, là-bas, les champs de blé? Je ne mange pas de pain. Le blé pour moi est inutile. Les champs de blé ne me rappellent rien. Et ça, c'est triste! Mais tu as des cheveux couleur d'or. Alors ce sera merveilleux quand tu m'auras apprivoisé! Le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi. Et j'aimerai le bruit du vent dans le blé...

S'il te plaît... apprivoise-moi! dit-il.

domingo, 17 de agosto de 2014

domingo, 3 de agosto de 2014



às vezes não sei onde nem quando
não sei como
nem quanto
não sei que mais
não sei se
às vezes não.

domingo, 20 de julho de 2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014

sábado, 5 de julho de 2014

entrei em tua casa
como em ti.

havia colo nas tuas cadeiras
mãos nas mãos
nos livros
nas mãos
havia sonhos
pássaros livres procurando
um golpe de asa
a coragem infantil de fazer
alguma coisa
alguma coisa mais
para voar.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014



o chá arrefeceu
como a pele na solidão do corpo
onde os dedos se perderam
no enlaço das horas
desoras
tantos agoras que não cabem nas mãos
nem nos bolsos que não tenho
nem na vida que não chega
nem na chávena já fria
e sinto-os escapar do tempo
numa explosão de morangos mirtilos romãs
pedaços de mim espalhados pelo chão
mil pedaços implorando-te
que me reconstruas na tua boca
só para eu saber quem sou.


terça-feira, 17 de junho de 2014


"Talvez que isto é que é isso
a que chamam lá longe o Amor
deste plano geral
não dava para ver em redor
e assim visto em close-up
nem é grande quebra-cabeças.

Nunca faças
por desvendar o mistério
há mistérios
que ninguém sabe porquê
e porquê
explicar a explicação?
há segredos sagrados
pelo sim, pelo não..."


Sérgio... tu És.

segunda-feira, 16 de junho de 2014


posso ouvir os mesmos álbuns
todas as noites
e voar
todas as noites
para o mesmo lugar.


sexta-feira, 13 de junho de 2014

Sometimes a cliché is finally the best way to make one's point.
Whatever Works, 2009.

quinta-feira, 12 de junho de 2014


sei de cor os minutos que faltam
para as nove
o momento exacto em que o sol
se desprende de nós
e nos abandona lentamente
ao nosso ofício de viver.


terça-feira, 10 de junho de 2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014


se eu perder o sono em ti,
podem procurá-lo
entre os lençóis
e as palavras
que não ousámos. 

domingo, 1 de junho de 2014

... os olhos descoloridos de vidro, ocos como aquários sem peixes, onde o limo ténue de uma ideia se condensava a custo na água turva de recordações brumosas. ALA.

n' O Estrangeiro, perdida na tradução.

sábado, 31 de maio de 2014

terça-feira, 27 de maio de 2014

"Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti."

Alexandre O'Neill (1924-1986).

quinta-feira, 22 de maio de 2014

.

deixa que as palavras
te possuam e te atirem
contra a cama
que interroguem e exclamem
a fenda arterial do teu verso
o outro lado da noite
onde a boca só
sí - la - bas
e o teu corpo só




só.





domingo, 18 de maio de 2014

terça-feira, 13 de maio de 2014

domingo, 11 de maio de 2014




A noite desenha sombras

Nos vidros

Da casa em frente

Onde uma luz

Trémula

Deixa adivinhar

As mãos

O braço

O rosto

Na intermitência cósmica

E gravítica

De um universo

Desconhecido.